As tendências do mercado imobiliário estão a mudar. De acordo com o semanário "Expresso", a venda de casas de praia está a crescer no Norte de Portugal. A tendência é sinalizada pelo aumento dos preços em localizações de apartamentos e moradias com vista mar. Se a Costa Nova, Esposende, Apúlia, Póvoa de Varzim e Vila do Conde estão entre as zonas mais concorridas, a meteorologia, a qualidade da água, a segurança e a proximidade do Aeroporto Francisco Sá Carneiro figuram entre os critérios determinantes para a compra de casa nesses territórios. Os imóveis junto às praias do Norte do país são, assim, a nova moda para portugueses e estrangeiros. Não se trata apenas de procurar fazer um bom investimento, mas sobretudo de fazer uma escolha definitiva para usufruir ao longo da vida.
A evolução de um mercado que já não concentra todos os seus desejos na costa algarvia não surpreende Ricardo Costa, CEO da LUXIMOS Christie's International Real Estate, uma consultora imobiliária premiada, vocacionada para o segmento alto, com escritórios abertos há quase dez anos, no Porto e no Algarve. “O Norte do país é hoje uma localização preferencial para quem procura casas de praia”, assegura o administrador, economista de formação. “As boas ligações ferroviárias, a existência de Metro na cidade do Porto, o conjunto de cidades que permite andar a pé ou de bicicleta e o bom planeamento urbano justificam as escolhas”, fundamenta.
Esta alteração começou a verificar-se durante a pandemia - em 2020 e 2021, aumentou a procura de casas com piscina e jardim, em zonas com menor densidade populacional - e sofreu uma aceleração com a inflação. Agora, os clientes procuram casas de praia de Setúbal até Viana do Castelo e querem ser integrados, fazer vida de comunidade. “Esposende, Póvoa de Varzim e Vila do Conde são, por isso, os novos destinos”, insiste Ricardo Costa. Trata-se de geografias procuradas por portugueses, franceses, norte-americanos, nórdicos e alemães. São compradores que procuram “zonas bem planeadas, arejadas, com pouca construção em altura e muito espaço". De preferência, com muitas áreas verdes e perto do mar.
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Nesta localização, os preços duplicaram em dois anos, revela o semanário, citando dados do "Idealista". Em 2020, o preço por metro quadrado estava nos €1049. Atualmente, nas praias de Apúlia, Fão e Esposende, o metro quadrado tem um valor médio de €2180. E continuam a valorizar, como sucede em Vila do Conde, onde o preço por metro quadrado é, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), de €1355. Há mesmo casas em que o aumento de preço “ultrapassa os 100%”, evidencia Ricardo Costa, referindo valores “de mercado que rondam os €3500 m2”. A subida dos preços reflete obviamente o aumento da procura. Se os franceses e os portugueses “estão disponíveis para pagar entre €500 a €600 mil, os americanos suportam €1 milhão ou valores mais substanciais”, revela o responsável da LUXIMOS Christie's.
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Na Póvoa de Varzim, a escassos dez minutos de distância de Vila do Conde, a LUXIMOS tem à venda o Edifício Ribamar, na Avenida dos Banhos, na primeira linha de praia. Em causa estão apartamentos com tipologias entre T3 e T4, servidos pelo Metro e com proximidade da praia, do Casino, do comércio e dos restaurantes. Ali, os valores variam entre €740 mil e €1,25 milhão. Apesar do impacto destes montantes, Ricardo Costa nota que “95% dos clientes não recorre ao crédito hipotecário”. São compradores que encontram no imobiliário “uma forma de colocar recursos financeiros que têm disponíveis, que habitualmente pagam a pronto e que não procuram investir, mas sim adquirir uma casa de praia, seduzidos pelo clima e pela segurança que o país oferece”.
O momento presente, condicionado pelo constante aumento do custo de materiais, faz com que estes empreendimentos estejam a ser colocados à venda “já numa fase avançada da obra”. E esta condicionante “está a impulsionar o mercado de habitações usadas e a orientar escolhas para localizações menos centrais, desde que nas imediações do litoral”, esclarece o administrador da LUXIMOS. Caminha e Viana do Castelo “são concelhos já com alguma procura".
O bom momento imobiliário e os indicadores do turismo contaminam também as regiões do Alqueva e do Alto Douro Vinhateiro, igualmente eleitas por quem procura uma segunda habitação em Portugal. “No Douro, há falta de oferta imobiliária e o mercado estrangeiro está muito forte”, sublinha Ricardo Costa.
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