Ter um cão num apartamento é um desafio - para o dono e para o animal -, mas não é uma impossibilidade. Nem tem de ser um bicho de sete cabeças. A primeira coisa que tem de saber antes de escolher a raça com a qual vai coabitar dentro do seu imóvel é as características que precisa de respeitar na personalidade de um animal que não vai viver em liberdade total. Lembre-se de que quando escolher o seu amigo de quatro patas, tem de escolher um animal que se adapte ao seu estilo de vida e de casa. A sua casa está localizada perto da praia? Fica no centro da cidade? Tem jardim ou terraço comum? Isso é muito mais importante do que escolher a cor ou o tamanho do pelo.
Assim, a principal regra a considerar é a sociabilidade. Se adquirir ou adotar um cão-bebé, ele vai acabar por adaptar-se, à medida que for crescendo, à vida urbana - e, para todos os efeitos, limitada - dentro de um apartamento, seja ele um pequeno T1 ou um enorme T4. A maioria dos cães é tão apegada à família humana que prefere estar no interior de casa do que no exterior, desde que acompanhada. Contudo, há encontros que nunca vai poder evitar. Num condomínio fechado, por exemplo, o seu cão vai cruzar-se com os seus vizinhos e provavelmente com outros cães. Vai cruzar-se com crianças e com pessoas que, não tendo nada contra animais, podem simplesmente ter medo de animais. Vai cruzar-se com pessoas com sacos de compras e com pessoas com comida na mão. Vai partilhar o elevador, a garagem e as áreas comuns, como o jardim, o parque ou os pátios. Por tudo isto, tem necessariamente de optar por um cão que seja naturalmente sociável. Ou seja, cães que sejam muito territoriais, competitivos ou agressivos terão de ficar excluídos à partida.
Isto conduz-nos à segunda regra, que é da energia. Se o seu cão vai viver num espaço condicionado - e isto é válido mesmo que tenha uma varanda ou terraço -, tem de ter pouca energia. Nenhum cão prescinde do seu passeio e da sua corrida, mas há raças que vivem bem libertando a adrenalina apenas nos momentos consagrados pelo dono ao passeio. Pelo contrário, há cães que são naturalmente tão ativos, que a inércia caseira pode aborrecê-los (nos melhores casos) ou enfurecê-los (nos piores). Além disso, vão querer destruir ou roer tudo o que tem em casa. Não pense que a energia está relacionada com o tamanho do cão - não está! Há raças minúsculas que são especialmente irrequietas.
Lembre-se também de que não é apenas por causa das áreas comuns que deve educar, treinar e considerar o feitio do seu cão. Mesmo no interior de sua casa, é suposto que o animal não incomode os vizinhos dos outros andares, sobretudo com barulho. O ruído é a terceira regra que deve observar. Cães muito mimados vão chorar sempre que ficam sozinhos. O choro dos cães pode ser parecido com um uivo prolongado, o que é potencialmente criador de dificuldades num prédio. Os problemas mais comuns com vizinhos surgem justamente devido ao barulho. Um cão silencioso, ou que ladra apenas quando há algum estímulo que o justifique, é o ideal para apartamento. Existem também raças de caça que podem não ladrar com muita frequência, mas têm uma voz tão poderosa que também terão forçosamente de ficar de fora da lista de opções de um apartamento.
O preconceito não é uma característica exclusiva dos humanos, é também extensível aos animais. Essa é a quarta e última regra fundamental que tem de ter em conta antes de fazer a sua escolha. Há cães que nunca fizeram mal a ninguém, mas que são historicamente discriminados. Às vezes, basta um filme para insuflar ou, pelo contrário, arruinar a popularidade de um cão. Não tem de escolher uma raça para agradar aos outros, mas convém escolher uma raça que não amedronte os outros. O American Staffordshire Terrier é geralmente apontado como o melhor exemplo desta discriminação. Poderia viver tranquilamente dentro de um apartamento, mas por ser fisicamente muito parecido com um Pit Bull cria quase sempre antipatia e até rejeição por parte dos vizinhos.
A esta altura deve estar a perguntar-se se os rafeiros são uma opção a sopesar. E, na verdade, não há razão nenhuma para que não seja essa a sua escolha. O problema dos rafeiros é que são um grupo tão extenso e diversificado que a escolha certa tem de ser feita de acordo com cada animal e não propriamente com a raça. Se tiver um em vista, não tome a decisão final antes de falar com uma associação, um canil ou um veterinário. Eles saberão fazer essa avaliação por si.
Finalmente, e supondo que saberá que ter filhos pequenos em casa ou outros animais de estimação são fatores obviamente também a considerar, resta escolher então um de três portes: pequeno, médio ou grande. A LUXIMOS Christie's International Real Estate consultou vários portais especializados em animais domésticos e elaborou um top 5 com as raças ideais para o seu apartamento, tendo em conta a sua preferência pelo tamanho do cão.
É um cão de companhia, de pequeno porte e com pouca necessidade de fazer exercício. Além disso, ladra pouco. É ativo mas não é irrequieto. Tem origem na China e pode pesar até 13 kg.
Natural de Itália, embora muita gente pense que é de Malta, o Bichon Maltês é um cão alegre, que rapidamente se apaixona pela sua família humana. Aliás, não suporta estar sozinho. Contudo, lida mal com estranhos, pelo que é preciso investir na sua socialização. Nunca pesa mais de 4 kg.
O Poodle Toy é o caniche, a variedade mais pequena da sua família. É um animal calmo e inteligente, e um dos mais populares entre as crianças. Adapta-se muito bem à vida num apartamento, mas precisa de exercício. Pesa menos de 5 kg.
Eis outro cão em miniatura originário da China. O Pequinês é um animal calmo, sossegado, independente e altivo. Ignora quem não faz parte da família. A lenda diz que resulta de um amor impossível entre um tigre e uma elefanta. Não ladra muito e mesmo na idade adulta não ultrapassa os 6 kg. O seu pelo precisa de ser escovado com assiduidade.
Como o próprio nome indica, esta raça é originária do condado britânico de Yorkshire. Daí que seja extremamente popular no Reino Unido, mas não só. É um cão de pequeníssimo porte, inteligente, carinhoso, ótima companhia, mas muito vaidoso. O seu longo e liso pelo exige muitos cuidados.
É natural de Inglaterra, mas a fisionomia que hoje lhe conhecemos resulta de cruzamentos dos criadores franceses. É um cão calmo, equilibrado e sociável. Contudo, a sua propensão para ter problemas respiratórios pode trazer despesas acrescidas. Pesa cerca de 12 kg.
Se há um cão irresistível, é este. Descendente dos cães de companhia dos reis, tudo no Cavalier King Charles Spaniel é altamente enternecedor e aconselhável. É um cão bem educado, adaptável, sociável e tolerante. Além disso, adora crianças e idosos. Pesa entre 5 kg e 8 kg e tanto lhe faz passear como ficar em casa.
É um daqueles casos em que o preconceito pode surgir. Descende de cães criados para combater touros, o que mancha o seu currículo. Mas isso foi já no século XVIII. Hoje, não passa de um cão preguiçoso e pachorrento cujo melhor entretenimento é estar sozinho no seu canto. Pode chegar a pesar 25 kg.
É um dos cães mais divertidos que existem e, por isso mesmo, é um dos preferidos das crianças. Não significa que esteja sempre agitado, a sua personalidade é calma e adaptável. Adora comida e é preciso saber dizer-lhe que não. Pesa pouco mais de 10 kg.
Outra raça irresistível, afetuosa, leal e quase cómica. O Basset Hound é um cão anão, a sua barriga e as suas orelhas quase tocam no chão. É muito calmo e preguiçoso e entretém-se muito bem sozinho. Aqui, o desafio é obrigá-lo a treinar, porque é mesmo demasiado sonolento. O seu porte pode enganar: apesar de pequeno, facilmente atinge os 40 kg.
Este cão, também chamado dinamarquês, cresce muito, chegando a medir 80 cm. Mas, na verdade, não passa de um preguiçoso. No seu mundo ideal, estaria sempre deitado e sossegado. Por isso, quase não precisa de espaço. Tem um inconveniente: a sua esperança de vida é curta, não ultrapassando os oito anos.
É o chamado galgo inglês. Estes cães são considerados os mais rápidos do mundo, podendo fazer 72 km/hora. Mas em casa não podiam ser mais calmos, desde que devidamente passeados e treinados. São atléticos, elegantes e não muito fáceis de encontrar (com exceção do norte de Portugal). A raça está parcialmente em extinção.
É um gordo de 80 kg, mas o melhor cão de guarda que pode ter. É grande e, por isso, parece mau. Mas o seu focinho não deixa enganar, é doce, amigável e incrivelmente fiel. O tipo de cão corajoso que dará tudo para o salvar. Pode pesar mais de 100 kg e, também por isso, precisa de muito treino.
Natural da Rússia, não é muito fácil de encontrar em Portugal. Pode ser muito teimoso ou muito calmo. O seu feitio vai depender muito do treino e do ensinamento que lhe der. Dá-se bem com temperaturas baixas.
Ao contrário do que pensa a maioria das pessoas, os retrievers não são cães naturalmente perfeitos para apartamento. Tornam-se perfeitos se forem bem exercitados. São muito populares no Japão e podem surpreender pela sua obediência. Dentro desta família, as melhores opções são o Golden Retriever, o Flat Coated Retriever e o Retriever do Labrador.
